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quarta-feira, 1 de junho de 2011

DEJAN PETKOVIC. O GRINGO. OBRIGADO.

Domingo tem Flamengo X Corinthians, pela terceira rodada do Campeonato Brasileiro, no Engenhão.



Um jogo que, por si só, pelo nome e história dos envolvidos já seria suficiente para valer a pena ir ao estádio, conta, desta vez, com atrativos adicionais.
O Flamengo, fazendo boa campanha no início do certame, apresenta a estreia de Junior Cesar na lateral esquerda, preenchendo uma lacuna reclamada por torcedores e analistas , embora nas duas últimas partidas Egidio tenha surpreendido com um bom futebol.



Uma estreia sempre é cercada de expectativa e motiva o torcedor, e é mais um empurrãozinho em direção ao campo de jogo. Seria a cereja do bolo para aqueles que costumam acompanhar o time em qualquer situação.



Mas o que deve arrastar a Nação ao Engenhão domingo não é nada disso que foi comentado acima. O grande combustível que fará movimentar a massa rubro-negra para o Engenhão é a despedida de Petkovic.



Um do maiores jogadores que já vestiram o Manto envergará a camisa rubro-negra pela última vez domingo. Será a derradeira oportunidade de ver em ação o jogador que tantas alegrias deu à torcida nos últimos anos.
Petkovic, apesar da condição física prejudicada pelo peso dos anos, ainda pretendia jogar por mais essa temporada. Mas suas últimas atuações em 2010 comprovaram que seu afastamento do elenco titular era mais do que natural. Ele já não rendia tecnicamente o suficiente para fazer o time produzir. Seu declínio físico prejudicava suas atuações e o impedia de executar tudo aquilo que seu cérebro pensava. 



A torcida compreendia seu esforço e o poupava nas manifestações contra as atuações medíocres do time, que quase culminaram com o rebaixamento. Aquele Pet apenas esforçado era reverenciado mesmo nas atuações abaixo do seu nível. A ele era dado o bônus de sua estória no clube.



Uma estória de conquistas, gols antológicos, dribles fantásticos, assistências milimétricas, toques precisos e uma elegância poucas vezes vista em campo.
Seu rendimento apenas mediano não apagava o que fizera nas duas passagens em que esteve em campo comandando o time. Desde o primeiro jogo, em que estreou marcando um dos gols na goleada sobre o Santos em 2000, até a conquista do título nacional em 2009, quando dividiu com Adriano a responsabilidade de comandar aquele elenco desacreditado que alcançou o que ninguém poderia supor.



A torcida testemunhava sua fragilidade física, mas  se recusava a ver no gramado o jogador sem forças pra luzir. A cada má atuação do time  as arquibancadas entoavam o grito já temido pelos treinadores, exigindo sua entrada em campo, como se ele pudesse mudar o resultado adverso com a simples presença em campo. 



¨Pet! Pet! Pet! ¨, era o pedido, na vã esperança de que do banco de reservas levantasse aquele Pet dos gols olímpicos, das faltas que lembravam cestas de basquete, tal a precisão, dos passes, das distribuições de jogo, do comando dentro de campo.



Sabia que isso era impossível, mas, no fundo, exigia sua presença como uma compensação. Ver Pet em carne e osso na derrota, em meio àquela mediocridade, era um consolo, como a mostrar aos jogadores que não conseguiam render o suficiente que ali estava um símbolo a ser seguido, um guerreiro que não se entregava às pernas fracas, que não produzia com o corpo mas dava o exemplo com o coração.




Ver Pet em campo era lembrar das conquistas anteriores, arrancadas à força de times superiores tecnicamente, mas com menos suor derramado dentro de campo. Era constatar que poucos jogadores como ele envergaram camisas de adversários históricos sem deixar mágoas, pois seu retorno somente confirmou aquilo que todos já sabiam : o pecado se revestia de obrigações profissionais.
A presença de Pet, jogando bem ou mal, era a esperança de que, de repente, uma falta próxima à área se transformasse em gol. Se repetisse o milagre de 2001.



2001. 27 de maio. Exatos dez anos atrás. 43 minutos do segundo tempo. Uma derrota iminente se aproximava. Faltava um gol para evitar que o título escapasse. E aquela era a última chance. Mas era muito longe...
Para os predestinados, longe é um lugar que não existe. O impossível é aquilo que não foi tentado.
Ele ajeitou a bola, se desligou do mundo, ajeitou o corpo. Não a beijou  nem orou. Deus não poderia ouvi-lo. Ele também  estava concentrado no desfecho daquela cena. Correu e tocou nela com maestria. Fez somente aquilo que sabia. Simples assim.



Foi a maior e mais longa trajetória de uma bola em um campo de futebol. Segundos que duraram horas. O silêncio era ensurdecedor dentro e fora do estádio. No meio da trajetória, prevendo o desfecho trágico, a torcida adversária se calou, em reverência àquela maravilhosa parábola, antevendo a tragédia anunciada.



Hélton voou para fazer a defesa da sua vida. E faria, não fosse a bola um ser tão dócil e obediente aos pés daquele gringo. Ela subiu o suficiente para desviar dos dedos do goleiro e baixou dentro do gol, beijando as redes.


43 minutos do segundo tempo. 27 de maio de 2001. Há dez anos. Naquele exato momento, ao entrar dentro do gol de Hélton, a bola fazia Petkovic entrar para a História do Flamengo.



Dejan Petkovic, o Gringo. Sérvio. Só aquela obra de arte seria suficiente para colocar sua foto na galeria de grandes jogadores do Clube de Regatas do Flamengo.




 Mas Pet não foi só aquele gol. Pet foi mais. Pet honrou com categoria e fino futebol a camisa de Zico. Pet introduziu no Flamengo a camisa 43 e com ela toda uma carga de simbolismo. Aquele  foi o campeonato mais bonito conquistado pelo clube. Como foi e contra quem foi.




Dejan Petkovic. O Gringo. Domingo estarei lá, para sua despedida. Para agradecer por tudo que você nos proporcionou. Para reverenciá-lo pelos espetáculos que você protagonizou envergando o Manto Sagrado. Pela altivez com que você o vestiu. Pelo suor que você derramou.



Dejan Petkovic, o Gringo. Obrigado.