Nos últimos dias temos visto, especificamente no futebol carioca, a outra face da moeda, no que diz respeito à situação de dois técnicos e um time de futebol.
Falo de Joel Santana e Muricy Ramalho e Vasco da Gama.Três personagens que passam por ciclos diversos ao que se via há pouco tempo atrás.
Muricy Ramalho, o atual campeão brasileiro, chegou ao Fluminense carregando na bagagem uma série de títulos e uma certa desconfiança acerca de seu sucesso no Rio de Janeiro, uma vez que nunca havia trabalhado no estado, considerado por muitos diferente pelo estilo de vida de seus habitantes, a geografia e o clima, que influenciariam negativamente no rendimento dos atletas de futebol
Veio,viu e venceu, como Julio Cesar no Império Romano. Angariou respeito, simpatia e admiração
Tornou-se mais afável, transformou o ambiente do clube e, ao conquistar o título brasileiro pelo Fluminense, ápós um jejum tricolor de 26 anos, tornou-se praticamente um cidadão carioca, incensado e aclamado pela torcida pó-de-arroz e a crítica especializada, pois foi escolhido, novamente, o melhor técnico do ano, em 2010.
Bastou, porém, iniciar o ano tropeçando, perdendo a semifinal do Campeonato Carioca para um clube de menor investimento e empatar as duas primeiras partidas da Libertadores em casa, para já começar a ter seu trabalho questionado.
O antes infalível Muricy já tem, pasmem, defeitos. É retranqueiro, usa muitos cabeças-de área, não solta o time, erra nas substituições. Falta ousadia ao enfrentar equipes visitantes, o esquema de jogo deveria ser mais agressivo, ou menos retrancado.
A outra personalidade contestada é Joel Santana. O folclórico Papai Joel, o homem que quebrou a hegemonia do Flamengo ano passado, levando o Glorioso ao título carioca sem precisar de decisão, que fez excelente campanha no Brasileiro, por pouco conseguindo a classificação para a Libertadores. O Bruxo, A Lenda... Papai Joel está sofrendo campanha para ser defenestrado do cargo.
A própria torcida que o elegeu um dos ídolos da fase atual do clube, ao nível dos principais jogadores, agora vê no recordista de títulos cariocas um amante do futebol de contenção, o adepto ferrenho do ferrolho, o fã incondicional dos Somália, Fahel, Rodrigo Mancha e Arévalo do elenco.
De estrategista contra o Fluminense a burro contra Flamengo e River Plate de Sergipe, Joel vive a rotina de altos e baixos do humor do torcedor, que vai para a boca do túnel e, passional que sempre foi, e será, extravasa conforme o resultado do jogo.
O terceiro personagem é um time, o Vasco da Gama. Tendo vivido uma página negra de sua História no início da temporada, perdendo seguidamente para quem quer que cruzasse em seu caminho, fosse grande, médio ou pequeno, o Clube da Colina, em meio a crise que culminou em afastamento de seus principais jogadores, Felipe e Carlos Alberto, demitiu seu estrategista de plantão e foi buscar em Ricardo Gomes a tábua da salvação contra o naufrágio iminente da Caravela.
De vítima da chacota dos rivais, o Vasco se transformou em temível oponente, o adversário a ser batido na Taça Rio, que se inicia, e na Copa do Brasil, que prossegue.
Qual o mistério que envolve tais transformações ? Como um técnico de futebol passa de bestial a besta em tão pouco tempo ? De esquecido a consagrado em um piscar de olhos ?
Com um time de futebol, sem se reforçar, sem trocar a escalação, enfraquecido pela perda de um de seus ídolos muda instantaneamente de postura e patamar com a simples contratação de um técnico ? Qual a mágica ?
Realmente, existem coisas que acontecem nos bastidores, nos vestiários, que não são para consumo externo. Isso a grande maioria dos apaixonados por futebol, com um pouco mais de senso de observação, já deve ter percebido. Mas esses casos aqui citados são emblemáticos.
Mistérios insondáveis. Perguntas sem resposta. Fatos inexplicáveis... É...São as voltas que a bola dá.