VAI COMEÇAR O SOFRIMENTO

Estamos às portas de mais uma edição do Campeonato Brasileiro. Para nós, amantes do futebol, são  sete meses de quartas e domingos tensos, cada um torcendo por razões diferentes. Uns, para ver seu time alcançar e manter o topo da tabela. Outros, pelo privilégio de conseguir a tão sonhada vaga na Libertadores do próximo ano. E alguns, menos afortunados, se contentando em não tomar sustos com a queda para a segunda divisão.

Pelo que temos visto, acompanhando os campeonatos regionais, nós, cariocas, teremos grandes emoções nesta edição do torneio. Flamengo, Vasco e Fluminense, pelo que têm jogado, nos reservam finais-de-semana inesquecíveis. O bicho vai pegar, literalmente.

Comparando o nível dos grandes de São Paulo, Minas e Rio Grande do Sul, e deixando a paixão de lado, a conclusão a que se chega é que a disputa, para os cariocas, vai se resumir a dois objetivos: primeiro, não cair. E segundo, se der, tentar faturar uma vaguinha entre os quatro primeiros ( ou melhor, entre terceiro e quarto) para vislumbrar uma Libertadores ano que vem.

Porque, vamos ser sinceros: com esse futebolzinho que os três cariocas andam jogando, com que perspectiva você sentará na poltrona para assistir a um Corinthians X Flamengo no Itaquerão? Ou Galo X Vasco no Horto? E Fluminense X Inter no Beira - Rio? Vai comprar a  carne para o churrasco? Colocar a cerveja para gelar? Fala sério, vai...

Os dirigentes cariocas, cegos ou mal intencionados, continuam vivendo em um mundo à parte, em que a derrota do rival vale mais que o investimento coletivo no bem comum do futebol. Gerenciam um campeonato em que, mesmo maquiando borderôs, a frequência média do torcedor atinge índices risíveis, com públicos menores que um treino do Flamengo em Salgueiro. Enquanto isso, o produto se desvaloriza, a qualidade cai, e a distância para outros centros vai aumentando cada vez mais. Falta pouco para nos colocarmos abaixo de Santa Catarina no ranking nacional (mais clubes que nós eles já têm na Primeira Divisão).

Então, Eurico, Rubens Lopes, Siemsen e Bandeira, fica combinado assim: a gente vai levando no me-engana-que-eu-gosto até dezembro, torcendo para que dê uma zebrinha e o futebol carioca emplaque alguém na parte de cima da tabela, para que depois possamos bater no peito e endeusar as administrações dos clubes daqui debaixo do Cristo Redentor.

Porque eu, na boa, analisando friamente, sinto é inveja boa dos torcedores paulistas, mineiros e gaúchos, por esperarem ansiosos pelo início do Campeonato Brasileiro. Eles têm todos os motivos para agirem assim. Nós?...

Falem vocês...