Campeonatos acabando , decisões por todo o
Brasil , futebol à vontade na tv , uma profusão de jogadores , dos mais diversos
níveis , se apresentando aos nossos olhos .
Mas dois deles , dentre todos , comprovam ,
a cada rodada , que são extra-classe , ¨sobram na turma ¨, como se diz no
futebolês .
Desfilam , cada um no seu estilo , um repertório de jogadas que nos paralisam e faz esquecer todas as mazelas desse sofrido e tão castigado esporte bretão .
Um joga de fraque e cartola , e , como se
maestro fosse , regendo um naipe de cordas numa sinfonia delicada
.
Outro , se músico , seria diretor de
bateria , puxando freneticamente a cadência dos repiques de mão
.
No samba , um seria Zeca Pagodinho ,
na levada da vida . Outro , Paulinho da Viola , a elegância em forma de gente.
Gênero musical : um , funk , outro , samba-canção .
Na passarela do samba , mestre-sala um ,
com a coreografia dos pássaros a rodopiar diante da musa . Outro , o passista ,
frenético , agitado .
Se fenômenos meteorológicos , um seria a
garoa , fina , calma , leve . O outro , tempestade , com raios e trovões
.
Cantoras ? Ana Carolina , voz suave ,
repertório rebuscado , em contraponto ao outro , Mart´Nalia , samba rasgado ,
molejo e requebrado .
Biscoito fino e acarajé . Gostos diferentes
, opostos , mas apreciados com igual apetite .
Um , o virtuose , o passe mágico , o toque
na bola de um jeito tão delicado que o encontro dos pés com o objeto nem emite
som . E ela , dócil , viaja como a pomba , delicada , rumo ao objetivo
, milimetricamente colocada entre o companheiro e a rede .
O outro , num átimo , torna-se invisível
aos zagueiros , passando entre eles como se lá não estivesse , se materializando
como bola na rede .
Não sei em que time jogam , pois ,
hipnotizados com o que fazem , não tiro os olhos de seus pés . Não vejo quais
camisas vestem . Deveriam ser patrimônios de todas as torcidas
.
Um é Deco . Outro é Neymar
.
Colírios ... Gênios .