Aquelas discussões de botequim perderam a razão de ser. As rivalidades sadias, que turbinavam as rodas de bar, fazendo com que a salivação constante do bate-boca incentivasse a abertura de¨ampolas¨ cujo líquidos descem redondo ou transformam simples mortais em guerreiros, hoje ficaram em segundo plano. O foco mudou.
A Copa do Mundo vai ser no Brasil. Mas a notícia mais esperada nos últimos sessenta anos já não entusiasma. Tudo que remete a esse assunto se baseia em superfaturamentos, obras atrasadas, estádios vetados e outros sendo construídos sem necessidade, pelo simples prazer de se sobrepor ao ¨inimigo ¨. O foco mudou.
O Campeonato Brasileiro, agora mais forte, com as contratações feitas pelos clubes, já não desperta tanto interesse. Tudo que diz respeito a ele versa sobre cotas, guerra entre tvs pelo privilégio de transmissão, disputa entre clubes para ver quem ganha o maior pacote, mais verbas. Nada sobre os times. O foco mudou.
Os jogadores, até um tempo atrás, eram contratados pelos clubes no intuito de reforçar o elenco e incentivar seus torcedores a lotarem os estádios. Hoje, as contratações visam ao retorno de mídia, à exposição da marca do clube, à transformação de dribles em vendas de camisas, bonecos, bebidas e afins. O foco mudou.
O torcedor anda triste porque já não é levado em consideração nas reuniões da alta cúpula que dita os destinos do futebol brasileiro. Não é considerado quando lhe impõem jogos às 22:00h, ou nas noites de sábados, e quando transmitem jogos para a mesma praça e tiram dele o prazer de acompanhar seu time sentado nas cadeiras do estádio, sentindo o clima emanado do gramado, e o magnetismo que ronda as torcidas. O foco mudou.
O foco hoje é extrair o máximo possível dos jogadores e clubes em termos de marketing. Vender o máximo possível de pacotes de ¨pay-per-view ¨ que, aliás, é o novo parâmetro para definir o tamanho das torcidas ( antes era pela ocupação dos espaços nos estádios ), ocupar o máximo de tempo da grade de programação ( sem, logicamente, interferir no horário da novela ).
Infelizmente, amigos, o foco mudou. Estamos à mercê de megacapitalistas que capitalizaram tudo e toda magia que envolvia nosso esporte preferido e transformaram essa abstração em concreta margem de lucro. Bilheterias já não fazem a diferença nos orçamentos dos clubes, portanto a presença dos torcedores em campo virou mero detalhe, como profetizou ¨Caixa-Dágua ¨ anos atrás.
O foco mudou e nós já não fazemos diferença. A nova geração e as próximas saberão somente através do Google o que era assistir a uma partida de futebol no meio da massa. Aquela emoção, nunca mais.
Estamos vendo, de braços cruzados, à formação da geração ¨pay-per-view ¨, sem que ninguém se atenha a isso. Na comodidade de nossas poltronas assistimos a uma mudança de comportamento que está tirando a emoção do futebol.
Um classico regional, com as torcidas colorindo o anel dos estádios e reverberando seus cantos por todas as entranhas do cimento inerte das construções esportivas se equivale, em beleza, às grandes obras dos gênios da pintura universal. Isso está virando cartão-postal, morrendo diante de nós e se transformando em saudade.
Estejamos preparados para o grande objetivo dos coveiros de plantão que hoje ditam os rumos do nosso maior esporte. As torcidas estão morrendo e os espetáculos futebolísticos perdendo o brilho. Saibamos que somos coniventes, por permitir tal sandice.
Nossa paixão vai perdendo a graça, pois FUTEBOL SEM TORCIDA É QUADRO SEM MOLDURA.
Cabralito, acabei de chegar do "Armazém", bohemias e pastas de queijo... Linda evolução poética, pouco pragmática, fora das rais da realidade do nosso futebol... Dirigentes, jogadores, empresários apeas aproveitam o que as torcidas promovem: Brigas, Brutalidade, muita violência. Torcidas organizadas são verdadeiros antros de marginais que, protegidos pelos dirigentes e alguns jogadores, promovem todo tipo de ignorância nos estádios e fora deles... Depois deste nosso judiciário contribuir para marginais voltarem ao poder, o melhor lugar para assistir qualquer coisa é dentro de nossas casas e, olhe lá!!!, pode também não ser o lugar mais seguro...
ResponderExcluirSaude:.Paz:.Prosperidade:.
Caro Cabral...
ResponderExcluirSeus textos sempre foram fantásticos e essa magia se mantém por aqui. Com esse novo espaço, muito bem construído onde temos o acesso às ilustrações que muito nos mostram o melhor caminho para a interpretação do que as letras revelam, seus textos ficaram completos. Parabéns por esse blog que está melhor a cada dia.
Com relação ao texto, o futebol já está sem graça. Não só o futebol mas o Mundo. Tudo está mais frio e girando apenas em torno do lucro. Foi-se o tempo em que os domingos começavam com uma boa pelada em qualquer campinho do bairro, jogo valendo um guaraná Tubaína, depois, um almoço na mesa com os pais e amigos, uma tarde no estádio ou mesmo na frente da TV por ocasião dos nosso time estar a KMs de distância e no fim, um bate-papo a noite com bailinho de garagem para dançar com aquela menininha que há muito sonhávamos. O Mundo está chato e o futebol segue o rumo que leva ao insuportável. Abraço meu caro!!!
No Fut-Race, uma análise do sucesso dos clubes portugueses na UEFA Europa League.
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